A crónica do Mandume
A Semana do Futebol
O jornal A BOLA decidiu, por opção editorial, não publicar ou divulgar qualquer comentário ou notícia que de alguma forma sirva para incendiar os ânimos em vésperas do jogo Benfica-Sporting! Chamou-lhe "A Semana do Futebol"! Assim, declarações incendiárias que visem lançar a suspeição sobre a honra de qualquer cidadão (leia-se árbitro) não terão espaço naquele jornal desportivo de referência, durante esta semana. Nem os habituais colunistas ou colaboradores periódicos do jornal terão as portas abertas à maledicência. Esta iniciativa, que desconheço ser ou não inédita, mas que é certamente polémica, visa pois impedir o jornal de ser veículo fácil de manipuladores da opinião pública.
Obviamente que algumas interrogações se levantam à roda desta medida, a menor das quais não será certamente:
"e então o dever de informar? Por muito polémicas que sejam as declarações de, por exemplo, o presidente do meu clube, eu não tenho o direito de as conhecer?"
A questão é esta: em minha opinião, os jornais habituaram-se a opinar, influenciar, mobilizar, apelar, boicotar, eleger, enterrar, incensar, vilependiar, enfim, a influenciar a verdade ou o rumo dos acontecimentos, seja por "inverdades" (como está na moda dizer), seja por opiniões "musculadas" tendentes a modificar o sentir das pessoas! Mas a verdade é que os orgãos de comunicação foram feitos para noticiar, embora ao longo dos tempos, os jornalistas, "arrogantes" por natureza e muito ciosos do seu papel de quarto poder, tenham caído sempre na tentação de tentar mudar o rumo aos acontecimentos utilizando a poderosa arma que têm à mão. Não lhes basta noticiar, eles querem ser parte da notícia.
Esta atitude de A BOLA, parecendo uma iniciativa louvável, reflecte exactamente isto que acabei de dizer: eles negam-se a noticiar porque não querem influenciar! Repare-se como eles se arrogam de "influenciadores" e se auto-renegam a um papel que ninguém lhes encomendou! Algo do género "oh milord, jamais me passaria pela cabeça chamar-vos bastardo!"
Diz-se dizendo que não se diz!
Mas as consequências poderão até assumir foros de alguma gravidade e passível de algumas acusações de parcialidade. Imagine-se que um dirigente do Benfica ou do Sporting tinha informações de que o árbitro estaria subornado e o quer declarar publicamente ou confidenciar a um jornalista d’A BOLA. Qual o direito de uma qualquer redacção de não dar provimento à edição da notícia, por, eventualmente, não dar "crédito" à fonte ou entender que é só mais uma acha para a fogueira? Ou pior: quem nos garante que tal só acontecerá se a notícia for veiculada por uma das partes e que se ela fosse proveniente da outra parte já mereceria credibilidade e seria publicada (isto, partindo do pressuposto, claro, que dificilmente deixará de haver excepções a esta regra sob o risco de perderem algumas “cachas”)?
Meus senhores, limitem-se ao vosso papel: informar!
Se não querem correr riscos desnecessários e ficar com a consciência pesada pela publicação de frases incendiárias, eu digo-vos o que devem fazer: cortem o pio aos vossos colunistas de referência e a todos os outros opinadores, bem como à palhaçada semanal de "donas bitórias", "taxistas" e "viscondes" e reduzirão o problema àquilo que é externo ao jornal e que são as declarações dos dirigentes e jogadores.
Se querem ser parte da solução, deixem de ser parte do problema!
Assim ninguém vos poderá acusar de nada! Nem sequer de não informarem!
O jornal A BOLA decidiu, por opção editorial, não publicar ou divulgar qualquer comentário ou notícia que de alguma forma sirva para incendiar os ânimos em vésperas do jogo Benfica-Sporting! Chamou-lhe "A Semana do Futebol"! Assim, declarações incendiárias que visem lançar a suspeição sobre a honra de qualquer cidadão (leia-se árbitro) não terão espaço naquele jornal desportivo de referência, durante esta semana. Nem os habituais colunistas ou colaboradores periódicos do jornal terão as portas abertas à maledicência. Esta iniciativa, que desconheço ser ou não inédita, mas que é certamente polémica, visa pois impedir o jornal de ser veículo fácil de manipuladores da opinião pública.
Obviamente que algumas interrogações se levantam à roda desta medida, a menor das quais não será certamente:
"e então o dever de informar? Por muito polémicas que sejam as declarações de, por exemplo, o presidente do meu clube, eu não tenho o direito de as conhecer?"
A questão é esta: em minha opinião, os jornais habituaram-se a opinar, influenciar, mobilizar, apelar, boicotar, eleger, enterrar, incensar, vilependiar, enfim, a influenciar a verdade ou o rumo dos acontecimentos, seja por "inverdades" (como está na moda dizer), seja por opiniões "musculadas" tendentes a modificar o sentir das pessoas! Mas a verdade é que os orgãos de comunicação foram feitos para noticiar, embora ao longo dos tempos, os jornalistas, "arrogantes" por natureza e muito ciosos do seu papel de quarto poder, tenham caído sempre na tentação de tentar mudar o rumo aos acontecimentos utilizando a poderosa arma que têm à mão. Não lhes basta noticiar, eles querem ser parte da notícia.
Esta atitude de A BOLA, parecendo uma iniciativa louvável, reflecte exactamente isto que acabei de dizer: eles negam-se a noticiar porque não querem influenciar! Repare-se como eles se arrogam de "influenciadores" e se auto-renegam a um papel que ninguém lhes encomendou! Algo do género "oh milord, jamais me passaria pela cabeça chamar-vos bastardo!"
Diz-se dizendo que não se diz!
Mas as consequências poderão até assumir foros de alguma gravidade e passível de algumas acusações de parcialidade. Imagine-se que um dirigente do Benfica ou do Sporting tinha informações de que o árbitro estaria subornado e o quer declarar publicamente ou confidenciar a um jornalista d’A BOLA. Qual o direito de uma qualquer redacção de não dar provimento à edição da notícia, por, eventualmente, não dar "crédito" à fonte ou entender que é só mais uma acha para a fogueira? Ou pior: quem nos garante que tal só acontecerá se a notícia for veiculada por uma das partes e que se ela fosse proveniente da outra parte já mereceria credibilidade e seria publicada (isto, partindo do pressuposto, claro, que dificilmente deixará de haver excepções a esta regra sob o risco de perderem algumas “cachas”)?
Meus senhores, limitem-se ao vosso papel: informar!
Se não querem correr riscos desnecessários e ficar com a consciência pesada pela publicação de frases incendiárias, eu digo-vos o que devem fazer: cortem o pio aos vossos colunistas de referência e a todos os outros opinadores, bem como à palhaçada semanal de "donas bitórias", "taxistas" e "viscondes" e reduzirão o problema àquilo que é externo ao jornal e que são as declarações dos dirigentes e jogadores.
Se querem ser parte da solução, deixem de ser parte do problema!
Assim ninguém vos poderá acusar de nada! Nem sequer de não informarem!
- ** Mandume **
Etiquetas: Comentário/Opinião
5 Comments:
Essa posição d' A Bola é interessante e um modo de defenderem a sua maneira de estar no futebol. No entanto deveria ser cumprida. E não o foi, como exemplifica o artigo da página a seguir. Basta atentar ao ponto 2 do mesmo artigo, escrito por Miguel Esteves Cardoso, para ver que A Bola lançou uma suspeição sobre um individuo e como tal, não cumpriu a sua promessa.
De qualquer maneira, não tenho nada contra o jornalismo desportivo em Portugal, até acho que o mesmo tem muita qualidade comparado com outros mais conceituados.
By António, at terça-feira, maio 10, 2005 10:00:00 da tarde
Este mandume é o catota?
Tem o post igual ao dele...
Parabéns pelo blog Nélson... ooops, Nelson!
By Anónimo, at quarta-feira, maio 11, 2005 10:55:00 da tarde
Caro anónimo: sim, é ele mesmo! :)
By Anónimo, at quarta-feira, maio 11, 2005 11:34:00 da tarde
Ó Nélson, aliás Nelson, fiquei sem perceber... o catota assina mandume no teu blog?
Não faz muito sentido ele comenta como catota, mas há um post dele no relvado igual ao do mandume...
By Anónimo, at quinta-feira, maio 12, 2005 8:34:00 da tarde
Caro anónimo: Catota no Relvado, Mandume no Campo Inclinado. São uma e a mesma pessoa!
By Anónimo, at sexta-feira, maio 13, 2005 1:54:00 da manhã
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